- COMO CRIAR SUSTENTABILIDADE EM NOSSO ECOSSISTEMA
(MANGUEZAL)
ANOTAÇÕES IMPORTANTES
UM RECADO DO COORDENADOR GRACÍLIO
Resíduos sólidos nos manguezais: um problema ignorado
Diversos resíduos sólidos urbanos encalhados no manguezal. Pode-se observar como os resíduos se enroscam nos pneumatóforos e galhos dos mangues. © Bianca Pinto Vieira / Projeto Manguezal
Bianca Pinto Vieira.
Há um costume humano de ocupar áreas litorâneas devido à maior disponibilidade de recursos oferecidos pelo ambiente. Nos últimos dois séculos, o adensamento urbano e a explosão populacional nas localidades próximas à costa vêm pressionando os sistemas biológicos naturais. Um dos grandes problemas observados com crescimento urbano nos ambientes costeiros é o acúmulo de resíduos, que contribui para a degradação da fauna e flora locais.
Estudos sobre o impacto de resíduos sólidos em regiões costeiras são, em geral, realizados com foco apenas nas praias. Pouca atenção tem sido dispensada aos ecossistemas de manguezal neste aspecto.
Os ecossistemas dos manguezais são considerados essenciais na reprodução, proteção e alimentação de diversas espécies. Animais como aves, peixes, camarões, caranguejos e moluscos passam parte de seus ciclos de vida nos manguezais. Desta forma, tais ecossistemas possuem vital importância na manutenção e conservação da biodiversidade brasileira, incluindo espécies ameaçadas e de considerável valor econômico, como o guará (Eudocimus ruber) e a tainha (Mugil platanus).
Apesar de todo o conhecimento sobre os manguezais, sua importância parece ser apreciada apenas nos livros e artigos científicos. Pois as políticas públicas e ações civis continuam a negligenciar sua existência. Aterros clandestinos, deposição de esgoto, queimadas e pesca indiscriminada são problemas constantes nos manguezais. E mesmo com uma legislação ambiental os interesses político-econômicos abrem brechas nestas para a realização de atividades danosas ao ambiente.
Rede de pesca e tijolo incrustado por mexilhões (Mytilus edulis) e cracas (Balanus glandula) encalhados no capim praturá (Spartina alterniflora). Muitos resíduos trazem espécies exóticas. Outros acabam se tornando locais de fixação e moradia para espécies nativas, porém isto pode ser um problema grave dependendo da natureza do material, que pode ser cortante ou de formato difícil para a saída o animal. © Bianca Pinto Vieira / Projeto Manguezal
Pouco ainda se sabe sobre a dinâmica de encalhes de resíduos sólidos urbanos nos manguezais, contudo é de conhecimento comum que este ecossistema sofre impactos diferenciados em cada região. Estudos recentes apontam que a morfologia vegetal é um fator importante no encalhe de resíduos. Vegetações mais densas nas bordas funcionam como uma malha que impede a entrada de muitos resíduos na floresta do manguezal. Também o praturá (Spartina alterniflora) tem esse efeito. Quando a maré sobe trazendo os resíduos, o capim impede sua chegada ao interior da mata. Por um lado este processo é positivo, pois impede que os resíduos adentrem e afetem mais intensamente o interior do manguezal. No entanto, são essas vegetações densas de borda que abrigam ovos e juvenis de diversos animais marinhos, do berbigão (Anomalocardia brasiliana) ao robalo (Centropomus spp.). Ocasionando maior impacto dos resíduos justamente no início do ciclo de vida de muitas espécies.
Outro aspecto no encalhe de resíduos sólidos é a proximidade de áreas urbanas e turísticas. A quantidade de resíduos praticamente duplica quando são analisadas áreas de manguezal mais próximas de residências, centros urbanos, portos e praias, por exemplo. Estima-se que os resíduos destas fontes cheguem aos manguezais por via direta, com descarte desde água de lastro e embalagens até móveis e escombros, ou indireta, por ação dos ventos e maré.
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sexta-feira, 7 de março de 2014
COMO CRIAR SUSTENTABILIDADE EM NOSSO ECOSSISTEMA - MANGUEZAL
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