O TAPETE
AMARELO
Gteixeira
02/2016
Encontrei
o meu espaço, hoje m sinto gratificado e encontrado quando adentro á aquela
humilde e aconchegante casa de quintal, de quintal por ser num local onde não
mora ninguém e a solidão me faz companhia junto aos pássaros cantantes, formigas caseiras, grilos e bem-te-vis
assobiando ao meu ouvido, acenando as maravilhas que deixamos prá trás
esquecendo que a natureza por vezes reclama a presença de um vivente para mostrar
quão importante é a mãe. Vida integral.
As
vezes recebo a visita de um, de uns, de umas e outras. A metade familiar hoje
reúne-se em torno do novo lar, distante
do burburinho rotineiro onde a cachaça as drogas e a falta de respeito
impera “Kiko lindo, Kiko maravilhoso” ressoa na discoteca vizinha. Longe estou,
estou na paz.
Esparramado
na sala compondo a decoração o velho tapete amarelo, na casa que morávamos, no
fundo da então mansão das matriarcas, lembranças da primeira gestação, onde
sentávamos ao seu redor, bebericando umas e outras fazendo planos sonhador de
um dia, mais adiante ter uma casa no
campo onde pudesse guardar os livros e
discos, amigos e nada mais. Despertava com o choro de uma criança recém
nascida, primeiro filho, esperado com ansiedade pois não foi feito programado,
apareceu, e para minha e demais, a
felicidade sem esperar bateu a minha porta
A
clã acostumada aos grandes empreendimentos, mansões e cidades megas ao chegar
no recanto escondido e inacabado, não poupou comentários maldosos e
maledicentes, “Ora, Deus que me livre vim prá um lugar desse, sem nada... Que
perigo” , isso em voz estridente corando todos que estavam na frente um uma tv
14”, daquelas que o fundo bate na parede, mas serve, da pra vê Os Dez
Mandamentos. Deixando-se notar o seu estado de destempero e nervosismo.
Não
poderiam se acostumar, por aqui não tem buzinas, escadas rolantes, notícias a
gosto de sangue, estupros e sequestros.
A
viagem fora traumática, se perdera no Ferry boat, o carro estacionado no porão,
fez a dondoca nervosa, queria que todos a vissem de carro novo, porem o
inusitado aconteceu, ao estacionar. Calor,
fedor de óleo queimado, motores ligados não teve como suportar o clima abafado,
sem ar condicionado e vista mar, o pânico tomou conta. O ferry atracou em Bom
Despacho e, por onde estava a mana que fazia companhia?. Gritos, choros,
desespero até a comiseração do funcionário marítimo que acenou a direção do portão de saída e la estava ela.
Esbravejou, xingou o
funcionário da balsa num total destempero por horas a fio, até a noite na pobre casa do irmão mais novo,
deserdado de bens porem herdeiro da paz e de compreensão, ouvia atento junto
com os demais as lamurias e blasfêmias de uma viagem curta e já desgastante
pelo trajeto e condições atuais.
O
tapete lá estava, como testemunha, já ouvira isso outras vezes, com um furinho
quase impercebível o que para uns é atestado de pobreza, para outros ali
sentados, conforto e distinção, sim conforto e pobreza dois opostos que não se
atraem, mas isso é o de menor importância, atentos ás brutalidades de Apuk, na
telinha, os chegados não sabiam distinguir a importância do momento, ou bem
ouvir as leras da visitante ou sintonizar intimamente as violências sofridas
pelo povo de Israel.
Afinal,
qual a diferença entre o século XXI, fineza educação e tecnologia entre
brutalidade, desrespeito e cizânia.
Vemos
isso nos noticiários e jamais estejamos nesse contexto.
O
espelho reflete a imagem que se apresenta a sua frente.
A
irmã mais velha, sorrir ao vê a cara dos estantes, que impactados pelo mau
agouro momentâneo da irmã descontrolada, se vai, deixando um rastro de escárnio
e vazio, próprio de pessoas destemperadas acostumadas a viver no ilusório
estado de riqueza.
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